Eles são aviões ou helicópteros sem
piloto e com computador de bordo. Vêm em vários tamanhos e pesos. São ideais
para serviços monótonos, perigosos ou caros demais quando realizados por
humanos. Podem ser chamados de drones – termo difundido no exterior – ou pelo
nome usado no Brasil: vant (veículo aéreo não tripulado).
No noticiário, os drones ou vants
aparecem quase sempre em um contexto bélico, como os que são usados em missões
americanas no Paquistão e Afeganistão. No Brasil, drones já fazem parte de
operações da polícia e das Forças Armadas.
Mas agora cresce o número de vants que
podem ser aplicados em atividades civis como resgate, agricultura, mineração,
construção civil, energia e segurança. O potencial é imenso. Um estudo
britânico calcula que, em quatro anos, os equipamentos devem criar um mercado
de US$ 400 bilhões. Não à toa, novas empresas de tecnologia já têm projetos na
área.
Alguns são pequenos como um inseto e
cabem na palma da mão. Modelos maiores podem chegar a 25 quilos (na área
militar, há vants do tamanho de um avião pequeno).
No Brasil, existem 12 fabricantes.
Muitos deles fornecem equipamento para as Forças Armadas e a polícia. Grande
parte quer expandir as vendas para clientes civis, mas esbarra em um entrave: a
falta de regulamentação para o uso comercial por parte da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac).
“A indústria local tem produto, está
montada, tem capacitação, mas não pode fazer operação comercial”, diz Antônio
Castro, coordenador do comitê de vants da Associação Brasileira de Indústrias
de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). Para ele, a demora põe as empresas
em risco.
Ulf Bogdawa, sócio da fabricante de
vants gaúcha SkyDrones é um dos que apostam no potencial comercial dos
equipamentos. “A única maneira de sobreviver é vender para o mercado civil”,
diz ele. “Nessa falta de compasso entre tecnologia e legislação, as empresas
estão numa sinuca.”
A Anac não proíbe o uso comercial, mas
empresas interessadas precisam obter autorização por meio de um requerimento
oficial à agência, que avalia a segurança do projeto. Castro, da Abimde, diz
que até hoje somente a Polícia Federal obteve a aprovação.
Por meio de sua assessoria, a Anac
informou que “existem estudos” para uma regulamentação do uso comercial dos
vants. A agência informou também que os critérios são discutidos com outros
países por motivos de segurança e também para “dar competitividade” à indústria
brasileira.
Para Castro, a Anac tem demonstrado “boa
vontade”, realizando reuniões com empresários. Rodrigo Kuntz, sócio da BRVant,
fabricante de Mogi das Cruzes (SP), diz que os encontros servem para “a
indústria nacional entrar em forma”. Para o empresário, há companhias que não
entenderam a diferença entre aeromodelismo e vants e fazem equipamentos
adaptados de modelos chineses inferiores.
As principais normas que o setor
gostaria de ver definidas são as categorias de veículos, de acordo com peso de
decolagem (vants de uso civil têm até 25 quilos), e regras de operação para
cada uma delas.
“Quem opera precisa ter formação
específica e certificação de acordo com o equipamento que vai dirigir”, diz
Adriano Kancelkis, sócio da AGX, fabricante de vants de São Carlos (SP) que tem
35 funcionários.
Os vants podem ser aliados da chamada
agricultura de precisão. Um dos possíveis usos é o mapeamento de plantações
afetadas por ervas daninhas. Depois, a aplicação de herbicida pode ser efetuada
pelos vants apenas nos locais necessários. Numa plantação de soja, o aparelho
pode identificar plantas menos nutridas e aplicar fertilizante isoladamente.
A inspeção de linhas de transmissão
elétrica é outro trabalho que pode ser facilitado. “A Cemig (Companhia
Energética de Minas Gerais) tem 30 mil quilômetros de linhas, cuja inspeção é
obrigatória. Hoje, ela é feita com helicóptero, que custa R$ 3 mil a hora de
voo”, diz Castro.
Os preços de vants variam entre R$ 30
mil a R$ 300 mil, conforme o tamanho. Os menores funcionam com bateria elétrica
e os maiores geralmente têm motor de combustão.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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