Sala de operações da estação
Para
comemorar os 40 anos de sua Estação de Recepção e Gravação, instalada em Cuiabá
(MT), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realiza solenidade no
dia 23 de maio. Com a presença do diretor Leonel Perondi, o evento será às 9
horas no INPE de Cuiabá, que fica na Rua Hélio Ponce de Arruda s/n°, Bosque da
Saúde.
As
operações na Estação de Recepção e Gravação (ERG) iniciaram no dia 23 de abril de 1973 com o
primeiro rastreio do ERTS-1, satélite que originou a série Landsat. A ERG de Cuiabá foi a terceira estação
terrena instalada no mundo - a primeira foi nos Estados Unidos e a segunda, no
Canadá. Sua instalação é parte importante não só da história do INPE e do
Brasil, mas também dos países vizinhos e do próprio sensoriamento remoto por
satélite.
Nessa
estação é realizado o rastreio diário de satélites, o recebimento de seus dados
e a posterior entrega das informações brutas ao Centro de Dados de
Sensoriamento Remoto (CDSR), localizado no INPE de Cachoeira Paulista (SP),
onde as imagens são geradas e distribuídas aos usuários. Atualmente, a estação
de Cuiabá recebe dados dos satélites Landsat-7, Resourcesat-1, UK-DMC 2,
Terra/Aqua e série NOAA.
A
infraestrutura para o recebimento dos dados de satélites é fundamental para o
sucesso de toda uma cadeia tecnológica que vai da construção de satélites a
sistemas para o processamento e distribuição dos dados aos usuários, envolvendo
pesquisa, inovação e geração de produtos e serviços.
O
pioneirismo do INPE ao instalar essa estação permite hoje ao Brasil comemorar
40 anos do recebimento dos dados e imagens que garantem a manutenção e o
desenvolvimento de estudos e atividades de reconhecimento internacional, como
os programas do Instituto que monitoram o desmatamento na Amazônia e as queimadas
em todo o país.
Trajetória
Em
1982, foi implantada em Cuiabá mais uma antena com dois canais, bandas S e X.
No final da década de 80 a estação recebeu equipamentos para rastreio dos
satélites Spot, Radarsat e Jers, já com tecnologia SMD.
A
década de 90 foi marcada pela modernização da sala de operações e, entre os
fatos marcantes da história da estação, o técnico de operações Luiz Carlos
Nascimento destaca ainda a implantação da nova antena com três canais de banda
X já preparada para receber a série de satélites sino-brasileiros CBERS,
culminando com a recepção da primeira imagem do CBERS-1 (em 1999) em território
nacional realizada pela ERG.
“Um
momento importante na década de 2000 foi uma grande atualização que tornou a
ERG totalmente automatizada e apta a rastrear qualquer satélite que opera em
banda X”, conta Luiz Carlos, que recorda ainda alguns desafios enfrentados na
história da estação. “O primeiro incidente de grave proporção foi uma descarga
elétrica ocorrida no dia 21 de dezembro de 1977, quando 70% da estação foi
danificada. O então diretor do INPE, Fernando de Mendonça, convocou uma força
tarefa e em poucos dias a estação estava novamente operacional. Foi um orgulho
para a equipe inpeana”.
A
criação da ERG em Cuiabá está diretamente relacionada aos avanços conquistados
na área de sensoriamento remoto. Governo, cientistas e empresas cada vez mais
usam essa tecnologia em que o Brasil é um dos pioneiros no mundo, por meio da
atuação do INPE. O lançamento do primeiro satélite para observação da Terra - o
norte-americano ERTS-1, em 1972, cujos dados poucos meses depois eram recebidos
em Cuiabá - proporcionou um salto nos estudos sobre meio ambiente e a dinâmica
de ocupação e uso do solo.
A
recepção e gravação das imagens de satélites permitiu ao INPE formar um dos
acervos mais antigos do mundo, que possibilita o acompanhamento das mudanças
ambientais, urbanas e hídricas ocorridas nas últimas décadas. Estão disponíveis
imagens de 100% do território nacional e 80% da América do Sul (todo o Uruguai,
Paraguai, Bolívia, Guianas, Suriname e parte do Chile, Peru, Equador, Colômbia,
Venezuela e Argentina).
Benefícios
Desde
2004, o INPE disponibiliza, via Internet e gratuitamente, o catálogo com
imagens que ajudam na formulação de políticas públicas em áreas como
monitoramento ambiental, desenvolvimento agrícola, planejamento urbano e
gerenciamento hídrico.
A
política de acesso livre às imagens, uma iniciativa pioneira do INPE, levou
outros países a também disponibilizar gratuitamente dados orbitais de média
resolução. As imagens são fornecidas para qualquer usuário do mundo. Os países
da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do INPE em
Cuiabá são os mais beneficiados por esta política.
O
fornecimento gratuito de imagens de satélite contribuiu para a popularização do
sensoriamento remoto e para o crescimento do mercado de geoinformação
brasileiro. Monitorar desmatamentos, queimadas, a expansão das cidades, safras
agrícolas, o nível de rios e reservatórios, entre outras aplicações, é mais
fácil e barato quando é possível uma observação ampla e contínua da Terra,
proporcionada por sensores remotos a bordo de satélites em órbita.
Mais
de um milhão de imagens já foram distribuídas pelo INPE para cerca de 15 mil
usuários, em mais de duas mil instituições públicas e privadas, comprovando os
benefícios econômicos e sociais da oferta gratuita de dados. O download das
imagens é feito a partir do endereço http://www.dgi.inpe.br/CDSR/
Fonte:
INPE
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