A
proposta para manter o projeto de exploração de potássio no país implica
exportar o mineral via Chile, evitando investimentos em linha ferroviária e
porto
Todo
o potássio exportado seria para o Brasil, que importa mais de 80% da demanda
doméstica
Buenos
Aires - A proposta que o governo da Argentina apresentou à companhia Vale para
manter o projeto de exploração de potássio no país implica exportar o mineral
via Chile, evitando investimentos na construção em linha ferroviária e porto
para escoar a produção.
A
alternativa, segundo o jornal argentino BAE, foi desenhada durante reunião
entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, no dia 25, na Casa
Rosada.
O
projeto Rio Colorado previa a construção de 360 quilômetros de ferrovia e
recuperação de 540 quilômetros ligando a mina de Malargue, em Mendoza, ao porto
de Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, passando pelas províncias de
Neuquén e Río Negro.
As
obras foram paralisadas no dia 22 de dezembro e o projeto foi suspenso no dia
11 de março. A primeira etapa do projeto estava prevista, inicialmente, para
ser concluída em 2014.
Todo
o potássio exportado seria para o Brasil, que importa mais de 80% da demanda
doméstica. Essa primeira etapa previa uma produção de 2,4 milhões de toneladas,
que seria elevada para 4,3 milhões a partir de 2017, quando seria concluída a
segunda etapa do projeto.
A
opção de escoar a produção de potássio pelo Chile permitiria o início da
exportação antes do prazo previsto pela companhia e evitaria o investimento na
rede ferroviária e na construção do porto.
Fontes
do governo consultadas opinaram que essa opção só é viável se a produção for
exportada para outros mercados como a Ásia. "Para o Brasil, não seria uma
rota alternativa", opinou um executivo de uma companhia de mineração
instalada no país. Segundo ele, o setor vive um cenário interno e externo
"muito complicado" e, dificilmente, haveria algum movimento de
desembolso nesse momento.
Após
a reunião bilateral, o assessor especial da área Internacional do Palácio do
Planalto, Marco Aurélio Garcia, disse que havia a possibilidade de retomada das
negociações para o retorno da Vale à Argentina.
Na
ocasião, Garcia informou que havia sido discutida uma solução para o impasse.
No entanto, no mesmo dia da reunião entre as presidentes, o presidente da Vale,
Murilo Ferreira, declarou que a medida de deixar a Argentina era definitiva.
Há
uma semana, em nova visita a Buenos Aires, Garcia criticou as declarações de
Ferreira, já que a negociação estava em curso, e afirmou que a proposta
apresentada pela Argentina é viável. Porém, ressaltou que a proposta seria
analisada pela companhia no momento oportuno. A Vale afirma ter investido US$
2,2 bilhões no projeto, orçado, inicialmente, em US$ 5,9 bilhões.
O
motivo alegado pela companhia para deixar o projeto foi a alta de custo para
US$ 10,9 bilhões, em função do câmbio oficial defasado e da alta inflação no
país.
O
governador de Mendoza, Francisco "Paco" Pérez, havia informado à
imprensa que recebeu duas propostas de companhias estrangeiras interessadas em
comprar a concessão da mina, que se encontra nas mãos da Vale, uma do Canadá e
outra da China. Pérez não informou os nomes das empresas.
"Há
diferentes alternativas que estamos considerando paralelamente. Agora, por exemplo,
acaba de chegar um pedido formal do presidente de uma empresa canadense para
uma audiência", disse o governador. Há cerca de um mês, ele fez uma viagem
à China, onde se reuniu com "potenciais investidores".
Fonte:
Exame
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