“Do
ponto de vista econômico, o relacionamento é bastante positivo”, disse a
embaixadora Ana Paula Zacarias, chefe da delegação da UE no Brasil
Ana
Paula: Azevêdo talvez possa “dar novo ímpeto a essas negociações que estão em
curso, sobretudo as negociações em Bali, na nova rodada ministerial, que é
importante no quadro da OMC”
Rio de Janeiro - As relações econômicas e comerciais
entre a União Europeia (UE) e o Brasil têm evoluído de forma “muito positiva” e
deverão ganhar reforço com a eleição do brasileiro Roberto Azevêdo para a
direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), avalia a embaixadora
Ana Paula Zacarias, chefe da delegação da UE no Brasil.
Ela participou hoje (8), no Rio de Janeiro, de evento
promovido pelo Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas, em
parceria com a Fundação Konrad Adenauer e o Colégio de Defesa da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A União Europeia continua sendo o maior investidor no
Brasil, é o maior bloco que faz comércio com o país e apresenta elevado número
de empresas instaladas há muitos anos no território brasileiro e inseridas,
inclusive, no seu âmbito social, que introduzem inovações, conhecimento e
tecnologias, destacou Ana Paula. “Do ponto de vista econômico, o relacionamento
é bastante positivo”, disse, em entrevista à Agência Brasil.
A embaixadora externou, porém, a preocupação dos países
europeus em relação a aspectos da política que o governo brasileiro vem
implementando para proteger a indústria nacional. “É uma preocupação de
princípio em relação às regras do livre comércio. Essas questões vêm sendo
discutidas e resolvidas em mais de 30 diálogos setoriais da UE com o Brasil,
sempre com grande abertura e transparência”, declarou.
Sobre a escolha do embaixador brasileiro Roberto Azevêdo
para o comando da OMC, Ana Paula citou a declaração feita hoje, em Bruxelas, na
Bélgica, pelo comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht, que “uma OMC
forte requer um diretor-geral forte". Para a chefe da delegação da UE no
Brasil, isso diz tudo. “O embaixador Roberto Azevêdo é este diretor-geral”.
Ela reforçou a disposição do bloco europeu de trabalhar e
dialogar com Azevêdo para encontrar soluções no quadro de negociações
multilaterais. Apesar de as negociações estarem em uma fase difícil, Ana Paula
acredita que Azevêdo possa “dar um novo ímpeto a essas negociações que estão em
curso, sobretudo as negociações em Bali, na nova rodada ministerial, que é
importante no quadro da OMC”.
A Reunião Ministerial de Bali, na Indonésia, está
programada para dezembro deste ano. Existe a possibilidade de retomada da
Rodada Doha, iniciada em 2001 no Catar e suspensa desde meados de 2008, em
função da falta de consenso entre os países negociadores. A Rodada Doha, também
conhecida como Rodada do Desenvolvimento, é uma mesa de negociação entre mais
de 100 países em busca de acordos que favoreçam a liberalização econômica.
Ana Paula Zacarias ressaltou os valores de base que unem
o Brasil e a União Europeia. Entre eles, a defesa dos direitos humanos, da
democracia, da justiça social e do desenvolvimento sustentável e o Estado de
Direito. “São elementos fundamentais no quadro das relações da União Europeia
com o Brasil e que vão além das questões econômicas, que também são
fortíssimas”.
Para a embaixadora, esses elementos de integração
fortalecem os países europeus e o Brasil para enfrentar os desafios globais,
que incluem, por exemplo, as alterações climáticas e o novo modelo mundial para
as questões do desenvolvimento sustentado em consonância com os objetivos do
milênio estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para uma agenda
pós-2015. Essa agenda, destacou Ana Paula, engloba desafios sociais, econômicos
e ambientais. “Aí, a União Europeia e o Brasil têm tido um trabalho conjunto
interessante que eu espero continue para o futuro”.
Os dois blocos estão iniciando também um trabalho
importante nas áreas da segurança e da defesa, além do tráfico de pessoas e de
drogas, disse a embaixadora. “São temas que nos interessam mutuamente, porque
são também um desafio que nós teremos que enfrentar no futuro. Tudo isso são
agendas bastante amplas que o Brasil e União Europeia vêm discutindo no quadro
de sua parceria estratégica”, completou.
Fonte: Exame
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