Dois
anos depois de ter sido assinado pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia
Sergio Rezende, o acordo de adesão do País ao Observatório Europeu do Sul
chegou ao Congresso
O
ESO é o maior consórcio de pesquisa astronômica no mundo, formado por 14 países
europeus, com vários telescópios e radiotelescópios de última geração
instalados no topo dos Andes Chilenos
São Paulo - O maior projeto da história da astronomia
brasileira está nas mãos do Legislativo. Dois anos depois de ter sido assinado
pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia Sergio Rezende, o acordo de adesão do
País ao Observatório Europeu do Sul (ESO) chegou ao Congresso para ratificação.
O ESO é o maior consórcio de pesquisa astronômica no
mundo, formado por 14 países europeus, com vários telescópios e
radiotelescópios de última geração instalados no topo dos Andes Chilenos.
O contrato de adesão, no valor de R$ 565 milhões em dez
anos, faria do Brasil o primeiro membro de fora da Europa e daria a astrônomos
brasileiros acesso pleno a todas as instalações do grupo, além de permitir a
participação do País na construção do maior telescópio no mundo, o Telescópio
Europeu Extremamente Grande (E-ELT), prevista para começar no fim deste ano.
"O encaminhamento do acordo ao Congresso Nacional
reafirma o apoio dado pelo governo brasileiro ao setor de astronomia no
Brasil", afirma o secretário executivo do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação, Luiz Elias, em uma carta enviada à presidência da
Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em 18 de março.
O projeto foi encaminhado pela Casa Civil ao Congresso há
mais de dois meses, em 19 de fevereiro, mas isso não foi anunciado
publicamente. O texto deverá passar por quatro comissões no Congresso.
A primeira é a de Relações Exteriores e Defesa Nacional,
na qual o deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP) atuará como relator.
Não há prazo específico para que o Brasil ratifique o
acordo, mas o cronograma de construção do E-ELT exigirá agilidade dos
parlamentares, caso o Brasil queira fazer parte do projeto - não apenas como
usuário científico, mas como construtor e fornecedor de tecnologia. O projeto é
orçado em $ 1 bilhão.
O acordo é polêmico. A maior parte da comunidade
científica o apoia, mas há pesquisadores que consideram o projeto caro demais,
desigual e até desnecessário para a astronomia nacional, que já tem acesso
(direto ou via colaboração) a esses e outros telescópios de ponta.
Para os defensores da adesão, é uma oportunidade que o
Brasil não pode perder.
"A adesão do Brasil ao ESO nos colocará no topo das
pesquisas em astronomia no planeta, assegurando-nos ao mesmo tempo participar
em colaborações científicas e industriais avançadas, com grandes vantagens para
o País", diz a presidente da SAB, Adriana Válio, do Centro de Radio
Astronomia e Astrofísica Mackenzie, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"É impossível ser competitivo com acesso a
pouquíssimos instrumentos - e a maioria de baixa performance - como é
essencialmente a nossa situação atual", diz a pesquisadora Beatriz Barbuy,
do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade
de São Paulo.
Fonte: Exame
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