O diretor de rede social no Brasil fala sobre transformações na área de recrutamento e dá dicas para fazer um bom perfil na rede
Osvaldo Barbosa Oliveira: "É o LinkedIn que está mudando a forma de procurar emprego" (Foto: Divulgação)
Comemorando um ano da abertura do escritório do LinkedIn no Brasil, o diretor-geral da rede no país, Osvaldo Barbosa de Oliveira, falou a ÉPOCA sobre o aumento no número de profissionais conectados e as transformações nos processos de recrutamento de novos funcionários.
Oliveira evita dar detalhes sobre o perfil dos usuários, mas diz que já são quase 10 milhões no país, sendo a maioria já empregada e com poder de decisão onde trabalha. Segundo ele, a rede tem ajudado a mudar a forma de encontrar emprego e, do lado das empresas, de atrair talentos. "A forma moderna de contratar é ir atrás dos candidatos corretos de acordo com o perfil de que você precisa", afirma.
O escritório no Brasil conta com 40 funcionários, que atuam nas áreas de tecnologia, marketing, relacionamento com empresas, entre outras.
+Como ir além do currículo tradicional para achar boas vagas e ser notado
ÉPOCA - Quais foram os benefícios, para os usuários do LinkedIn, da criação do escritório no Brasil?
Osvaldo Barbosa de Oliveira - Nesse primeiro ano, tivemos muitas mudanças importantes. Primeiro, houve um crescimento da base de usuários. Antes eram 6 milhões e hoje temos quase 10 milhões [no Brasil]. Para dar uma ideia global, hoje são cerca de 187 milhões de usuários. Um crescimento fantástico acompanhou a gente no primeiro ano de operação no Brasil. Outra questão é que começamos a montar as operações corporativas. Se por um lado a gente tem uma base grande de usuários, que querem estar presentes na rede com sua identidade profissional, por outro a gente agrega valor às empresas em duas áreas, basicamente: recrutamento e publicidade.
ÉPOCA - Por muito tempo, a forma tradicional de buscar emprego foi enviar currículo impresso e depois, por e-mail. Agora, existem outras maneiras de se apresentar profissionalmente. Qual é o papel do LinkedIn nessa transformação?
Oliveira - É o LinkedIn que está mudando o mundo nesse sentido. Antigamente, se eu precisasse contratar alguém colocava um anúncio ou contratava um headhunter [caçador de talentos]. Esse profissional construía suas bases de dados em função de telefonemas, contatos com pessoas. Para dar um exemplo, se você divulgar um anúncio, vai atingir mais ou menos 20% das pessoas que estão ativamente procurando emprego. Enquanto que a forma moderna de contratar é ir atrás dos candidatos corretos de acordo com o perfil de que você precisa. Antes, não era possível fazer isso em uma grande escala. Mas hoje, com uma base de profissionais bastante significativa no LinkedIn, as empresas de RH [Recursos Humanos] estão descobrindo as vantagens de ir atrás dos candidatos. Com isso, além de alcançar os 20% que estão procurando emprego, você vai alcançar outros 65% de profissionais que estão trabalhando, mas estão dispostos a ouvir outra oportunidade.
ÉPOCA - É uma mudança importante também para o profissional.
Oliveira - Sim. Do lado do usuário, se ele está no LinkedIn com um perfil bacana, bem pensado, essa imagem dele como profissional vai fazer diferença [no mercado]. Ele fica visível para as empresas que estão buscando talentos. Há mais de 150 empresas no Brasil já utilizando a ferramenta do LinkedIn para recrutamento.
ÉPOCA - Como é o perfil médio dos usuários do LinkedIn?
Oliveira - Não podemos falar em média. O que posso dizer é que 80% dos usuários decidem alguma coisa na empresa em que eles trabalham. Cerca de 15% são donos de pequenas empresas.
ÉPOCA - O que se busca no LinkedIn?
Oliveira - As pessoas que têm uma profissão, emprego ou uma atividade econômica estão no LinkedIn para fazer contatos profissionais que são úteis para os negócios em que estão hoje. Elas vão, por exemplo, falar com empresas e grupos, seguir empresas que elas admiram. Existe uma noção de que as pessoas que estão lá estão desempregadas. Não é verdade. Temos pesquisas que mostram que, quando a gente pergunta para o usuário, por que ele está no LinkedIn, a primeira resposta deles é: ‘é aqui que eu tenho a minha identidade profissional’. ‘É aqui que eu faço conexão com outros profissionais’. Só em oitavo lugar aparece ‘eu estou procurando emprego’. Há ainda outro segmento de perfis, que é o que mais cresce no LinkedIn: o dos estudantes. Eles já se conectam com os profissionais que conheceram no primeiro estágio e assim vão montando sua rede, além de usarem o site para buscar informações importantes.
ÉPOCA - Como o profissional pode fazer um bom perfil na rede? Por exemplo, quanto mais informação melhor?
Oliveira - Uma questão é a foto. Muita gente pensa que, como é um perfil profissional, não precisa de foto. Pesquisas mostram que a foto humaniza o profissional. Lógico que é uma foto profissional, boa. Outra dica é que não precisa escrever a sua história inteira em cada empresa. Bastam duas ou três sentenças por trabalho onde você passou, com foco no que você conquistou - isso é importante. Também é importante escrever o resumo, que fica abaixo da foto. É uma oportunidade para contar que tipo de profissional você é. As pessoas, às vezes, contam que profissionais são através dos empregos que tiveram. Claro que vale, mas, independentemente de trabalhar em "A" ou "B", tem de especificar: eu sou um profissional de internet, por exemplo. Também há a possibilidade de fazer perfis espelho, em outros idiomas.
ÉPOCA - Participar de grupos de discussão ajuda a ficar mais visível na rede?
Oliveira - Sim, porque o seu perfil aparece em grupos em que participa. As ferramentas de busca também podem localizá-lo melhor. Além disso, outros participantes do grupo podem avisar sobre vagas ou fazer indicações.
Como criar um bom perfil no LinkedIn
Confira abaixo as dicas do diretor da rede no Brasil
Adicione um título: fazer isso mostra que tipo de profissional você é ou pode ser também o seu cargo atual.
Faça um resumo: o texto o descreve como profissional. Descreva suas realizações em suas posições atuais e passadas, fale sobre seus interesses e paixões profissionais. Fique longe de chavões que são muito genéricos e pense como seu resumo pode diferenciá-lo de outros profissionais.
Inclua suas experiências e cargos passados.
Adicione uma foto: ao fazer isso, você aumenta em sete vezes a chance de seu perfil ser visto.
Detalhe sua educação: se você é um recém-formado, você também pode querer listar cursos, prêmios ou atividades que você focou durante a sua formação.
Mostre o que você tem a oferecer com o LinkedIn Skills: adicione habilidades relevantes no seu perfil do LinkedIn para que você apareça nos resultados de busca.
Obtenha recomendações de colegas ou gestores anteriores: uma boa recomendação de quem já trabalhou com você destaca seus pontos fortes e mostra que você é um profissional valorizado. Solicite ativamente recomendação a seus ex-colegas de trabalho.
Adicione experiência de voluntariado: se você dedica parte do seu tempo a alguma organização, descreva sua experiência e mostre como você aplicou suas habilidades no trabalho voluntário.
Fonte: Revista Época
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