Caso você não circule com um no carro, certamente conhece alguém que circula. E é provável que tenha outro em seu celular ou tablet. Talvez até já tenha ouvido falar que dá para acoplar um terceiro na coleira de seu cão. Agora, o que ainda não é nem de longe popular no País é o uso do GPS – sistema de posicionamento global, na sigla em inglês – em pessoas. Sim, principalmente em crianças, adolescentes, idosos e deficientes.
Empresas brasileiras já vendem o equipamento. Os preços vão de R$ 499 a cerca de R$ 800 (alguns com assinatura anual). A prática não é ilegal, mas levanta questionamentos. Afinal, como ficam os direitos constitucionais de ir e vir e a privacidade? “Não se infringe nada disso quando o monitoramento é autorizado. Já o aspecto psicológico foge ao Direito”, diz Augusto Marcacini, presidente da Comissão da Sociedade Digital da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP).
Os aparelhos pesam de 40 a 85 gramas, podem ir no bolso, na mochila, no cinto e, além de fornecer a localização, delimitam perímetros por hora do dia e enviam SMS e e-mail a destinatários predeterminados quando uma “cerca virtual” é pulada.
O curioso é que a origem do rastreamento humano no Brasil tem relação com o rastreamento de gado – o País tem o maior rebanho do mundo. “Atuamos na localização bovina desde os anos 1980 e usamos o que aprendemos no campo para criar o GPS ME, posto à venda no mês passado com tecnologia nacional”, conta Aécio Flores, diretor de Tecnologia da gaúcha Planejar.
Segurança. O médico veterinário Roberto Gerios, de 47 anos, foi um dos primeiros compradores. Acostumado a lidar com identificação animal no trabalho – incluindo a de bois -, achou natural usar o GPS na família. Ele deu um aparelho para cada um de seus filhos pequenos – Gustavo, de 7 anos, e Giovana, de 10.
A decisão foi tomada com a mulher, Adriana Gelencsir, de 47, e depois informada aos filhos. “Conversei e expliquei que era uma medida de segurança. Eles entenderam, receberam bem. E o GPS passou a ser mais um aparelho que carregam para onde vão, como o celular. São responsáveis até por carregar a bateria (de 48 horas)”, diz Gerios.
Morador de São Caetano do Sul, no ABC paulista, Gerios diz que o medo da violência em São Paulo foi o responsável pela adesão ao aparelho. “Aqui virou terra de ninguém e eles estão em uma idade mais vulnerável. Não é que eu queira vigiá-los. Minha filha de 16 anos (de outro casamento) não precisa usar.”
Fonte: O Estado de S. Paulo
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