terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Infraestrutura pode dobrar PIB de MG


Pacotes voltados para ferrovias, aeroportos, portos e estradas deverão movimentar a economia do país. 

Rodovias federais em estado precário de conservação inibem o desenvolvimento econômico de Minas

Depois de muita reivindicação do empresariado e população, a infraestrutura finalmente entrou na pauta dos governos federal e estadual. Pelo menos, foram anunciados pacotes voltados para ferrovias, aeroportos, portos e estradas, incluindo importantes rodovias em Minas Gerais. Caso todas essas mudanças saiam de fato do papel, o esperado é uma verdadeira revolução na economia nacional no longo prazo. No Estado, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) dobre no prazo de dez anos, conforme análise do subsecretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviços, Marco Antônio Rodrigues.

"O Estado está vivendo um momento econômico importante, com atração de várias empresas e investimentos em diversas áreas. E o que notamos é que a infraestrutura tem sido um limitador da nossa capacidade produtiva e competitiva para nos posicionarmos não só diante o mercado nacional, como também internacional", afirma Rodrigues. Por essa razão, ele acredita que, caso esses gargalos sejam eliminados, o crescimento da economia mineira poderá dobrar.

A justificativa do subsecretário para a expectativa positiva se resume em três pontos principais: redução dos custos de escoamento de mercadorias; conseqüente atratividade de empresas para a região; e maior acesso de turistas às cidades mineiras. E esse ciclo beneficiaria todos os setores.

Por um lado, as mercadorias chegariam mais baratas ao comércio, que venderia mais. De outro, o ganho de tempo e redução de acidentes e perdas de produção nas estradas, ocasionados pela melhoria dos modais rodoviários e ferroviários, darão maior competitividade à indústria. E, com a melhoria de aeroportos e aumento do fluxo de visitantes no Estado, o resultado seria uma maior demanda por serviços e mercadorias locais.

LEONARDO HORTA/SEDE

Marco Antônio: Estado vive momento econômico importante, com atração de várias empresas
Animadoras - E as promessas de investimentos para os próximos anos são, de fato, animadoras. Somente o governo de Minas já anunciou aportes da ordem de R$ 10,7 bilhões em infraestrutura até 2017. São recursos voltados para pavimentação, manutenção e segurança de rodovias, ampliação de aeroportos e mobilidade urbana, dentre outras intervenções.

Nesse montante fica incluído também o programa "Caminhos de Minas", que tem como objetivo recapear uma série de estradas mineiras. As rodovias federais também passarão por melhorias sendo que, em alguns casos, a iniciativa privada servirá como parceira. A BR-040, entre Brasília e Juiz de Fora, e a BR-116 são dois exemplos de concessões.

Os aeroportos também passarão por uma repaginada em Minas Gerais. Serão investidos pelo governo do Estado R$ 235 milhões entre 2013 e 2014 nos aeroportos regionais. Além disso, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN), em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), será concedido à iniciativa privada, que aportará R$ 4,8 bilhões. Além disso, as ferrovias e portos do país também passarão por mudanças nos próximos anos.

Na prática, as melhorias anunciadas significam redução do tão reclamado custo Brasil para as empresas locais. "Com uma estrada duplicada, os caminhões tombam menos com a mercadoria na pista e ocorrem menos engarrafamentos, o que reduziria gastos para os industriais", afirma o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Paulo Casaca.

Além disso, ele ressalta que o pleno funcionamento do aeroporto pode dar uma maior atratividade ao projeto de aeroporto-indústria, que nem sequer conseguiu sair da fase de licitação. Duas tentativas de concorrência falharam justamente por falta de interesse no negócio por parte do empresariado.

Casaca ressalta, porém, que, se houver demora para a execução das obras prometidas, os projetos podem ficar obsoletas para as necessidades futuras da indústria. Isso significaria permanecer com os mesmos problemas, mesmo após um aporte gigantesco de recursos.


Exportação - Já no quesito exportação, as alterações podem não ser tão imediatas. Isso porque, segundo a pesquisadora da Fundação João Pinheiro, especialista no assunto, Elisa Maria Pinto da Rocha, é necessário mais do que dar condições de escoamento de mercadorias para mudar a balança comercial do Estado. "A única coisa que pode diversificar verdadeiramente a balança do Estado é um investimento em ciência, tecnologia e inovação. Os produtos com maior valor agregado não representam hoje nem 12% da nossa balança", afirma.

O professor e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, Fernando de Holanda Barbosa Filho concorda que se os investimentos saírem do papel vão representar uma mudança econômica, mas há reservas: "Tenho medo de que esteja ocorrendo apenas uma mudança no discurso político. O governo diagnosticou corretamente o problema e tem prometido melhorias. Mas na prática não estamos vendo aumento nos investimentos proporcionalmente ao PIB comparado com os governos anteriores", afirma.

Fonte: Diário do Comércio

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