MG tem mais projetos de geração no papel do que em andamento

Onze usinas estão em obra e outros 69 empreendimentos, parados.

Projetos parados gerariam 950.847 MW, quase o dobro de energia dos que estão em andmento

Em um momento em que a alta da demanda por energia elétrica tem superado a capacidade de atendimento das concessionárias, com a necessidade de entrada das térmicas em ação, Minas Gerais conta hoje com mais empreendimentos na área de geração parados do que em andamento. No Estado, considerado a caixa d’agua do país, estão em obra 11 usinas, com capacidade total de 469.583 megawatts (MW). Porém, não conseguiram sair do papel ainda outras 69, que equivaleriam a 950.847 MW, ou seja, gerariam quase o dobro de energia, comparando com as que estão se tornando realidade.

Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no boletim de informações gerenciais, referentes ao último trimestre de 2012. Dentre os empreendimentos mineiros em andamento estão oito Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), duas Usinas Hidrelétricas de Energia (UHE) e uma Central Geradora de Energia (CGE).

As usinas do tipo PCH que estão em construção são a de Dorneles, em Passa Tempo; Fortuna II, em Guanhães; Senhora do Porto, Jacaré e Dores de Guanhães, todas em Dores de Guanhães; Mucuri, em Carlos Chagas; Inhapim, na cidade de mesmo nome; e Santa Helena, em Lassance.

Na outra ponta, dentre as 69, que apesar de possuírem outorga - autorização da Aneel - não se tornaram realidade, estão 34 PCHs, 17 CGHs, 16 Usinas Termelétricas de Energia (UTE) e duas UTEs.

Segundo o especialista em energia e sócio-diretor da Enecel Energia, Raimundo de Paula Batista Neto, os principais problemas que têm impedido que os projetos saiam do papel são as dificuldades de se conseguir licença ambiental e custos acima do previsto. O primeiro caso é o mais comum de todos e, conjugado com uma série de empecilhos impostos pela burocracia brasileira, travam investimentos que poderiam reduzir a necessidade de utilização de térmicas no país.

Para Batista Neto, os resultados referentes aos empreendimentos levados adiante neste ano poderão ser ainda mais negativos. Isso porque, com as mudanças no setor energético impostas com a Medida Provisória 579 no final do ano passado, o fluxo de caixa das empresas do setor será alterado ao longo do ano, o que poderá impactar nos investimentos.

Porém, a outra possibilidade para 2013, na análise do especialista, é a de que as empresas levem adiante os investimentos parados, mesmo com inversões acima do esperado. Nesse caso, quem pagaria a conta final seriam os consumidores, com altas nas contas mais elevadas.

Receita - O mesmo boletim mostrou ainda que o braço de distribuição do grupo Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que inclui Cemig D e Light Serviços de Eletricidade S/A (do mesmo grupo), ficou em primeiro lugar no rankingde receita com o fornecimento de energia. Somadas, elas alcançaram em 2012 R$ 1,175 bilhão. Na segunda posição, ficou a Eletropaulo, com R$ 843,37 milhões. Caso a Cemig D seja analisada separadamente, ela fica em segundo lugar, com R$ 654,7 milhões, o equivalente a 10,2% do total nacional.

Quando a análise da distribuição passa a ter como critérios, o consumo por megawatt/hora, a dupla Cemig D e Light permanecem na liderança, com 3,79 milhões de MWh. Na segunda posição, permanece a Eletropaulo, com 3,15 milhões de MWh.

Na geração, a Cemig Geração e Transmissão S/A fica em sétimo lugar, com 5,6% do mercado nacional. São 6,78 KW de potência instalada. Na primeira posição ficou a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), com 8,8% do mercado e 10,6 milhões de KW.

Fonte: Diário do Comércio