sexta-feira, 8 de março de 2013

Gerdau fatura R$ 71 milhões com venda de 'restos' da produção


Maior produtora de aços longos das Américas reaproveitou 2,4 milhões de toneladas de resíduos, ou 80% de tudo que gerou no ano passado




Entre os trilhos da ferrovia, o que existe é açobrita, um dos coproduto vendidos pela siderúrgica
A Gerdau, maior produtora de aços longos das Américas, faturou R$ 71 milhões em 2012 com a venda de "restos" da produção, que sobram nos fornos da empresa após a fabricação de aço e ferro-gusa. Os chamados coprodutos permitiram ainda uma economia de R$ 5 milhões, ao serem usados em obras da própria sede da companhia, que teve lucro de R$ 143 milhões no trimestre passado.

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Conhecidos por “escória” ou "lama" de alto-forno e aciaria, os produtos são vendidos como insumo para a construção civil. “São usados em estradas, pavimentação, lastros ferroviários (foto ao lado), fundições e fabricação de cimento”, diz Enio Viterbo, diretor de saúde, segurança e meio ambiente da Gerdau. "Podem substituir o uso de brita ou cascalho na pavimentação", explica.

A Gerdau vendeu no Brasil, no ano passado, 2,4 milhões de toneladas de coprodutos. A companhia ampliou o nível de reaproveitamento dessas sobras para 80% e, segundo Viterbo, trabalha com a "possibilidade futura de resíduo zero". A receita com a venda de coprodutos teve aumento de 6% em relação ao ano anterior, quando foi de R$ 67 milhões. 

Segundo o Instituto Aço Brasil, para cada tonelada de aço bruto produzido, são geradas mais de 600kg de coprodutos e resíduos. No Brasil, a média de reaproveitamento em 2011 foi de 80%, a mesma alcançada pela Gerdau.

Naquele ano, as principais siderúrgicas brasileiras produziram 19,2 milhões de toneladas de coprodutos e resíduos e tiveram receita de R$ 393,8 milhões com a venda desse material. A maior parte foi usada para fabricação de cimento e como base de estradas.

"Os coprodutos já são uma fonte de receita relevante para algumas empresas", diz Cassius Cerqueira, gerente de coprodutos do Instituto Aço Brasil. "Mas, como 20% dos resíduos não é vendido, existe grande oportunidade de negócios. Firmamos um convênio com o DNIT e estamos fazendo reuniões com a ABNT para criar normas técnicas para a escória de aciaria beneficiada (ou açobrita), o que vai dar mais segurança para nossos cliente", diz Cerqueira.  

Além da receita extra para as siderúrgicas, os coprodutos também representam uma economia para os clientes. Enquanto a tonelada de brita custa em média R$ 54, a açobrita – que pode substituí-la – sai por R$ 5 a tonelada. "Além disso, ela tem uma resistência maior. É um material muito usado no mundo, e estamos desenvolvendo esse mercado no Brasil", afirma Cerqueira. 

"Há dois grandes benefícios na utilização dos coprodutos: o ganho ambiental e o custo competitivo. Os ganhos econômicos podem ser significativos se comparados às matérias-primas tradicionais, pela questão do custo", diz Viterbo.

É uma fonte de recursos bem vinda, num momento desfavorável ao setor siderúrgico. Em 2012, o volume de aço produzido no Brasil foi 1,5% menor que em 2011. Se o destaque positivo ficou com o aumento na produção de aços planos, que cresceu 8,3%, a de aços longos – na qual atua a companhia gaúcha – teve queda de 1,6%, segundo o Instituto Aço Brasil.

As exportações caíram, principalmente a de aços longos. Isso impactou os resultados da companhia, que teve lucro abaixo do esperado pelo mercado . A Gerdau produziu 12% menos aço bruto no quarto trimestre, num total de 4,19 milhões de toneladas. As vendas em volume recuaram 8%. Segundo a empresa, a queda foi pressionada por recuo de 26% nas exportações das operações no Brasil, devido aos preços baixos no mercado internacional.

"Esperamos melhores números para 2013, em razão da participação do segmento de mineração nas receitas, do início da produção de aços planos e dos efeitos dos estímulos governamentais anunciados em 2012", diz boletim da corretora Planner, enviado a clientes após a divulgação dos últimos resultados da empresa.

Fonte: Economia.IG

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