quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A Bahia investe em uma infovia e no geoprocessamento


Após modernizar os sistemas de planejamento e orçamento, a Prodeb começa a desenhar o projeto para construir anéis ópticos nos 26 territórios do Estado.
 
Os investimentos em uma infovia para melhorar a qualidade dos serviços de banda larga na Bahia entraram na agenda do governo do Estado e ganharam mais força com a ida do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para a Secretaria de Planejamento do Estado. Em março deste ano, ao tomar posse, Gabrielli listou seis prioridades, uma delas a atualização de sistemas de tecnologia e de informação no governo do estado, meta que está sendo conduzida conjuntamente com a Prodeb (Companhia de Processamento de Dados da Bahia).
 
A empresa está substituindo o antigo sistema de planejamento orçamentário (Sicof) por um sistema integrado, que reúne, em uma única ferramenta on-line, os sistemas antes utilizados para gerir o planejamento, a execução orçamentária e a prestação de contas do Estado. Ao mesmo tempo, começa a desenhar o projeto de construir anéis ópticos nos 26 territórios do Estado, interligando com a rede metropolitana da RNP e com a Telebras.
 
Nesta entrevista, o diretor de infraestrutura da Prodeb, Napoleão Lemos Filho — acumula o cargo com a diretoria de sistemas de informação — conta como a Prodab está investindo o aporte de R$ 16 milhões feito pelo governo na empresa. O executivo, que é também vice-presidente da Abep (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de TIC), fala da iniciativa das empresas estaduais de processamento de dados para formar uma grande rede governamental.
 
Wireless Mundi - Quais são os principais investimentos da Prodeb e seus projetos prioritários?
Napoleão Lemos - Fizemos um investimento forte na área de infraestrutura. O governo aportou R$ 16 milhões, desse volume R$ 14 milhões já foram investidos, uma parte na ampliação da capacidade de armazenamento, outra na rede. Passamos de 10 Terabytes para 480 Terabytes, multiplicamos também a capacidade de processamento e do core da rede de governo de acesso à internet e acesso da intranet do governo. Em sistemas, adotamos metodologias como o Itil na produção e o MPSBR para o desenvolvimento.
 
WM - O restante dos recursos será investido em quê?
Lemos - Os R$ 2 milhões serão investidos em aquisição de uma Virtual Tape Library, na aquisição de mais um robô de back up com seis unidades e em um servidor corporativo. Estamos saindo da plataforma IBM z/OS para plataforma baixa e os sistemas estão sendo convertidos. O principal sistema do governo, que é o Sicof (Sistema de Informações Contábeis e Financeiras ) está saindo de ambiente Natural Adabas para ambiente Java Oracle e com isso tem que adquirir servidores. Estamos indo para o Fiplan (Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças).
 
WM - Em relação a definição de políticas públicas, alguma novidade?
Lemos - Em 2012 nos aproximamos mais do governo federal. E, como vice-presidente de tecnologia da Abep, também nos aproximamos mais de outras empresas de processamento e usufruímos do conhecimento que resulta do compartilhamento entre as associadas. No governo da Bahia, uma meta grande é o geoprocessamento na sua plenitude. Vamos investir junto com o governo federal, estamos alinhados com o Ministério do Planejamento, com a SLTI, para integrar o planejamento do Estado e adotar o e-ping, que tem padrões definidos também para geoprocessamento.
 
WM - O que exatamente vocês pensam em fazer com geoprocessamento?
Lemos - O geoprocessamento é uma nova forma de pensar a gestão. Com ele, é mais fácil implementar a interligação entre as informações, sem precisar de muito esforço de coleta e normalização de dados que exigem bancos relacionais. Georreferenciar um projeto de uma escola, de um hospital, de um município, significa poder colocar as informações e integrar com o setor responsável pelo Censo do IBGE, por exemplo, e começar a cruzar informações de crime, de educação, ambientais, etc., o que culmina com uma nova forma de fazer gestão. Fica mais fácil para o gestor enxergar as coisas e para o analista implementar as aplicações.
 
WM - Em relação a rede, há planos no governo da Bahia para implementar uma infovia, como já fizeram outros Estados? Ou vocês contam com a rede da Telebras para ampliar a oferta e as ações de inclusão digital?

Lemos - Hoje, temos uma rede mista, que é a infovia digital da Bahia. É formada por vários “pedaços”. Temos cabo em cerca de 40 quilômetros de extensão no centro administrativo da Bahia, mais 140 quilômetros da RNP, uma rede que envolve universidades como a UFBA, universidades estaduais e institutos e, agora, a Telebras está entrando. Estamos fazendo a expansão e a rede metropolitana de Salvador terá cerca de 250 quilômetros.
 
Em paralelo, o secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli, detectou que a operadora não está investindo adequadamente e o governo vai fazer um grande investimento para construir várias infovias digitais pelo interior. Estamos na fase de projeto. Não vamos acabar com o contrato com a operadora, mas esta iniciativa vai forçar que acordem e comecem a dar banda larga de fato, porque não temos banda larga na Bahia. Se fala em link de 512 Kbps como sendo uma vitória. Banda larga tem que começar com 1 mega, 2 mega, porque as aplicações exigem. Para o geoprocessamento, por exemplo, a banda tem que ser muito larga, tem que pensar em giga e não em K. O secretário está com essa visão, estamos em projeto e está andando rápido. É uma iniciativa que envolve as secretarias de Planejamento, de Ciência & Tecnologia, a de Infraestrutura e a Prodeb.
 
WM - Como vocês estão desenhando esse projeto?
Lemos - A Bahia é dividida em 26 territórios e o projeto prevê anéis nos 26 territórios. Vamos usar fibra e rádio. A partir dai, teremos duas metas prioritárias: uma, atender a população mais carente e jogar a banda larga onde a operadora não chega, mas também atender um maior número de pessoas. Salvador tem de população hiper pobre a rica, se atender Salvador estou atendendo essa parcela carente. As escolas precisam ser modernizadas, tem que usar tecnologia na saúde, promover a telemedicina, tudo isso tem como pré-requisito a banda larga. O projeto piloto, que está sendo desenhado, contempla os territórios Portal do Sertão (região de Feira de Santana), Médio Rio das Pontas (Jequié) e Vitória da Conquista.
 
WM - O projeto prevê manter, em paralelo, os serviços da iniciativa privada?
Lemos - A rede governo é contratada da operadora, a saída de internet é pela operadora, mas estou tentando entrar na Telebras como a segunda operadora de internet, analisando como contrato direto porque ela está com preço competitivo e tem como objetivo interligar as companhias de processamento dos estados que vão participar da Copa das Confederações e, depois, as cidades-sede da Copa do Mundo. Queremos interligar para formar uma grande rede governamental, uma nuvem governamental, que eu possa oferecer e receber serviço de uma Prodest (Espírito Santo), uma Prodemge (Minas Gerais), uma Prodam (Amazonas), de acordo com a necessidade.
 
Não sou contra a iniciativa privada mas não podemos ficar a reboque dela e a informática pública tem que avançar. Por isso, no âmbito da Abep, discutimos o projeto de interligar as pros com fibra, os centros de dados. A Telebras está montando uma grande malha e nós vamos puxar a última milha. Na Bahia não dá nem 50 metros (a ligação entre a rede da Telebras e a Prodeb, via rede da RNP); na outra ponta, a fibra está passando no Espírito Santo. O piloto será a ligação entre esses dois estados, numa rede de 10 Giga.
 
Fonte: Wireless Mundi.

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