quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Revolução na Geologia

 

Unisinos apresentou software inovador nos estudos de afloramentos de rochas durante workshop
Para discutir e compartilhar conhecimentos sobre uma tecnologia que traz dados fundamentais para a área dos estudos de afloramentos de rochas, reuniram-se, em 16 e 17/8, no campus da Unisinos em São Leopoldo, os principais pesquisadores do assunto no país. O evento, Workshop sobre Lidar Terrestre, aconteceu na sala de Seminários II da Biblioteca.

Interessados em aprender sobre a técnica Lidar (Light Detection and Ranging), pesquisadores em Geologia e Computação Aplicada, de sete universidades brasileiras, e geólogos da Petrobras vieram debater, com o Grupo de Pesquisa em Modelagem Digital de Afloramento da Unisinos, a técnica de laser scanner. “Para nós, é uma grande alegria receber um grupo que trabalha nas fronteiras do conhecimento, desenvolvendo novas tecnologias”, diz Guilherme Vaccaro, gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Unidade de Pesquisa e Pós-Graduação, ao dar as boas vindas aos participantes.

Durante os dois dias do evento, as instituições mostraram um pouco do trabalho desenvolvido, apresentando resultados e dificuldades da utilização do laser scanner terrestre. A reunião teve o objetivo de aproximar as instituições que compõem a Rede Tecnológica em Sedimentologia e Estratigrafia, que desenvolvem projetos de pesquisa apoiados pela Petrobras.

Conheça um pouco mais sobre o Lidar
Popular nas áreas de Arquitetura e Engenharia no início dos anos 2000, o laser scanner terrestre foi adaptado para a geologia. Um dos primeiros trabalhos de aplicação foi desenvolvido por uma universidade do Texas, EUA, e publicado em 2005. Desde então, diversas instituições do mundo têm estudado e aprimorado a técnica.

O estudo de afloramentos terrestres permite um acesso muito maior a informações cruciais para as jazidas de petróleo e recursos minerais em geral. Utilizando afloramentos análogos, que são blocos de referência, é possível conhecer feições e propriedades da rocha como, por exemplo, distribuição de porosidade, permeabilidade, barreiras de permeabilidade entre camadas. “Para nós, como geólogos, esse estudo é importante. A técnica Lidar consegue gerar imagens de afloramentos de maneira precisa e georreferenciada em 3D”, aponta Alípio José Pereira, representante da Gerência de Sedimentologia e Estratigrafia da Petrobras.

O laser scanner vem para substituir a análise de rochas em afloramentos a partir de modelos feitos com montagens fotográficas. Das duas dimensões, que deixam a desejar quanto à volumetria, a geologia passa a obter modelos tridimensionais através do sistema laser, que realiza uma leitura mais completa da superfície escaneada, gerando uma nuvem de pontos que cria um Modelo Digital de Afloramento (MDA).

A vantagem é a obtenção de um número muito maior e preciso de informações sobre a rocha, através da confecção dos MDAs. No entanto, essa grande quantidade de dados é também um desafio para os softwares, que, até então, não davam conta de interpretar de forma eficiente os centenas de milhões de pontos que um escaneamento chega a ter.

Inovação como diferencial
Com um equipamento desde 2008, quando obteve apoio da Petrobras para iniciar o projeto de estudos de afloramento, alunos de Mestrado e Doutorado em Geologia da Unisinos têm trabalhado no desenvolvimento de aplicações e técnicas de utilização do laser. Assim como as outras instituições do país, o PPG em Geologia enfrentou a barreira tecnológica, que impedia a interpretação e manipulação dos dados gerados pelo equipamento. “Para melhorar a eficiência, no que tange à manipulação de um grande volume de dados, havia a necessidade de desenvolver novas técnicas de visualização 3D integradas a ferramentas de interpretação interativa de afloramentos”, diz Maurício Veronez, professor do PPG em Geologia.

Formou-se, então, como parceria entre os PPGs em Geologia e Computação Aplicada e a Empresa V3D, incubada no Tecnosinos, o Grupo de Pesquisa em Modelagem Digital de Afloramentos. Ele está desenvolvendo um aplicativo em GPU (Graphics Processing Units), que proporciona uma manipulação eficiente de um grande volume de dados, além de estar projetado para possuir ferramentas de interpretação geológica: o Mountain View.


Software inovador consegue visualizar e manipular imagens formadas por um bilhão de pontosAo contrário das ferramentas genéricas existentes no mercado, que podem ser utilizadas para várias funções, o software criado pelo grupo é específico para a interpretação de MDAs. “Sendo um sistema específico, ele consegue ser muito mais adequado à forma de trabalhar dos geólogos, com ferramentas direcionadas para suas necessidades. O desempenho também é melhor, pois o programa é otimizado para esta aplicação”, afirma Leandro Motta Barros, desenvolvedor de software na V3D.

De acordo com Barros, em um teste realizado em 15/8, o Mountain View foi capaz visualizar e manipular uma nuvem contendo um bilhão de pontos. “Este é um número muito expressivo, mas esse não é um limite do software”, conta.

De acordo com Maurício Veronez, já há um interesse muito grande por parte da Rede Tecnológica em Sedimentologia e Estratigrafia. “Todos gostaram muito e perceberam que a Unisinos está se comportando como desenvolvedora de aplicações e utilização para a técnica Lidar em estudo de afloramentos, e não como mera usuária”, afirma.

A universidade já tem um projeto em fase de aprovação técnica junto à Rede Tecnológica em Sedimentologia e Estratigrafia da Petrobras, que garantirá a continuidade do desenvolvimento do Mountain View, para que ele seja disponibilizado para todos os integrantes da rede. “Se tudo der certo, a Unisinos será o centro de gerenciamento de informações de toda a rede, concentrando o conteúdo do estudo proveniente da utilização da técnica laser de instituições de todo o país”, conta Maurício.

O workshop teve o incentivo e o apoio da Rede Tecnológica em Sedimentologia e Estratigrafia da Petrobras e foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação de Geologia. A Petrobras apoia, por meio da Rede Tecnológica em Sedimentologia e Estratigrafia, o trabalho de universidades brasileiras na área de mapeamento 3D de afloramentos.

Fonte: Jornal da Unisinos.

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