quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Crescimento do mundo pode ser o maior desde 2011

Passada a crise, as empresas recuperam seu "espírito animal" e devem protagonizar aumento de aquisições e de gastos de capital neste ano

Londres e Washington - As empresas ao redor do mundo estão começando a compartilhar da exuberância que inspirou os investidores no ano passado.

Enquanto executivos se reúnem em Davos, Suíça, nesta semana, para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, a confiança nos negócios está crescendo, com um indicador compilado semanalmente pela Moody’s Analytics Inc. em seu nível mais alto desde que a consulta começou a ser feita, em 2003.

As fusões e aquisições estão aumentando, com US$ 130 bilhões em ofertas de compras já anunciadas neste ano. E empresas como a Microsoft Corp. e a Volkswagen AG estão preparando planos para aumentar o gasto de capital depois que as companhias, de um modo geral, guardaram um montante recorde de dinheiro para se protegerem de uma nova crise financeira.

“O espírito animal está retornando”, disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s, com sede em Nova York. “Este será um ano bom” para gastos de capital e contratação.

Por trás da recuperação projetada estão uma confiança maior na continuidade da expansão após um crescimento mais rápido nos EUA e no mundo no final do ano passado, a necessidade de substituir equipamentos antigos e desatualizados e uma redução do que Zandi chama de “medos existenciais”, que incluem preocupações a respeito de uma separação da zona do euro.

O retorno é fundamental para a economia global e os mercados financeiros. Estrategistas da Goldman Sachs Group Inc. e da Credit Suisse Group AG estão prevendo o crescimento global mais rápido desde 2011 e ganhos continuados das ações, baseados parcialmente no otimismo que se espalhou dos investidores até as empresas.

“É preciso dizer que os valores estão maiores do que estavam um ano atrás”, disse o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, à Bloomberg Television, em 6 de janeiro. Frequentador de Davos, ele alerta que as grandes economias estão ameaçadas pela “estagnação secular” que nem mesmo taxas de juros de zero por cento podem resolver.

Sensação de medo

Desde o colapso da Lehman Brothers Holdings Inc. em setembro de 2008, o encontro anual de executivos e estrategistas de governo em Davos tem sido frequentemente dominado por uma sensação de medo a respeito da estabilidade do sistema financeiro mundial. Uma recessão global e dúvidas a respeito da sobrevivência do euro apenas aumentaram a tensão.

Embora o fórum do ano passado tenha sido mais calmo, ainda assim houve preocupação a respeito da crise econômica na Europa, um possível pouso forçado da economia chinesa, questionamentos a respeito dos planos japoneses de estímulo e as disputas do presidente Barack Obama e congressistas republicanos a respeito do aumento do limite da dívida federal.

“A novidade é que agora estamos em um clima de menos crise”, disse Ernesto Zedillo, ex-presidente do México e agora professor da Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, que participará do fórum. “As pessoas tinham muito medo há um ano. Agora parecemos estar em melhor forma, mas com fragilidades significativas”.

O otimismo crescente se reflete no mercado de fusões. A Charter Communications Inc. disse na semana passada que deseja comprar a Time Warner Cable Inc. por US$ 61,3 bilhões. A Suntory Holdings Ltd. anunciou que comprará a fabricante de bebidas Beam Inc. por US$ 16 bilhões. Ambos os negócios incluem as dívidas.

Embora empresas como a Nomura Holdings Inc. e a Daiwa Securities Group Inc. digam que aumentarão os salários de alguns trabalhadores, pesquisas da Bloomberg News mostram que os preços ao consumidor no Japão ainda subirão cinco vezes mais rapidamente que os aumentos salariais no ano que começa em abril.

Se as corporações de todo o mundo aumentarem os gastos, isso ampliará a capacidade da economia global de se expandir no longo prazo, talvez reduzindo a preocupação de Summers e outros de que os países industrializados estão presos em uma armadilha de crescimento lento.

Em um sinal de que esse pessimismo pode ser um equívoco, o CEO da Emerson Electric Co., David Farr, disse que vai ao ataque neste ano para aumentar as vendas após frear os gastos. A Emerson, fabricante de compressores e equipamentos de automação com sede em St. Louis, estima que seu investimento fixo global subirá até 4 por cento após crescer 1 por cento em 2013.

Após dois anos e meio “mantendo as coisas realmente apertadas” é hora de articular e aumentar nossos investimentos”, disse Farr, em uma teleconferência com analistas, em novembro. “Nós acreditamos que o vento está começando a soprar a favor”.


Fonte: Exame

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