Passada
a crise, as empresas recuperam seu "espírito animal" e devem
protagonizar aumento de aquisições e de gastos de capital neste ano
Londres e Washington - As empresas ao redor do mundo
estão começando a compartilhar da exuberância que inspirou os investidores no
ano passado.
Enquanto executivos se reúnem em Davos, Suíça, nesta
semana, para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, a confiança nos
negócios está crescendo, com um indicador compilado semanalmente pela Moody’s
Analytics Inc. em seu nível mais alto desde que a consulta começou a ser feita,
em 2003.
As fusões e aquisições estão aumentando, com US$ 130
bilhões em ofertas de compras já anunciadas neste ano. E empresas como a
Microsoft Corp. e a Volkswagen AG estão preparando planos para aumentar o gasto
de capital depois que as companhias, de um modo geral, guardaram um montante
recorde de dinheiro para se protegerem de uma nova crise financeira.
“O espírito animal está retornando”, disse Mark Zandi,
economista-chefe da Moody’s, com sede em Nova York. “Este será um ano bom” para
gastos de capital e contratação.
Por trás da recuperação projetada estão uma confiança
maior na continuidade da expansão após um crescimento mais rápido nos EUA e no
mundo no final do ano passado, a necessidade de substituir equipamentos antigos
e desatualizados e uma redução do que Zandi chama de “medos existenciais”, que
incluem preocupações a respeito de uma separação da zona do euro.
O retorno é fundamental para a economia global e os
mercados financeiros. Estrategistas da Goldman Sachs Group Inc. e da Credit
Suisse Group AG estão prevendo o crescimento global mais rápido desde 2011 e
ganhos continuados das ações, baseados parcialmente no otimismo que se espalhou
dos investidores até as empresas.
“É preciso dizer que os valores estão maiores do que
estavam um ano atrás”, disse o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence
Summers, à Bloomberg Television, em 6 de janeiro. Frequentador de Davos, ele
alerta que as grandes economias estão ameaçadas pela “estagnação secular” que
nem mesmo taxas de juros de zero por cento podem resolver.
Sensação de medo
Desde o colapso da Lehman Brothers Holdings Inc. em
setembro de 2008, o encontro anual de executivos e estrategistas de governo em
Davos tem sido frequentemente dominado por uma sensação de medo a respeito da
estabilidade do sistema financeiro mundial. Uma recessão global e dúvidas a
respeito da sobrevivência do euro apenas aumentaram a tensão.
Embora o fórum do ano passado tenha sido mais calmo,
ainda assim houve preocupação a respeito da crise econômica na Europa, um
possível pouso forçado da economia chinesa, questionamentos a respeito dos
planos japoneses de estímulo e as disputas do presidente Barack Obama e
congressistas republicanos a respeito do aumento do limite da dívida federal.
“A novidade é que agora estamos em um clima de menos
crise”, disse Ernesto Zedillo, ex-presidente do México e agora professor da
Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, que participará do fórum. “As
pessoas tinham muito medo há um ano. Agora parecemos estar em melhor forma, mas
com fragilidades significativas”.
O otimismo crescente se reflete no mercado de fusões. A
Charter Communications Inc. disse na semana passada que deseja comprar a Time
Warner Cable Inc. por US$ 61,3 bilhões. A Suntory Holdings Ltd. anunciou que
comprará a fabricante de bebidas Beam Inc. por US$ 16 bilhões. Ambos os
negócios incluem as dívidas.
Embora empresas como a Nomura Holdings Inc. e a Daiwa
Securities Group Inc. digam que aumentarão os salários de alguns trabalhadores,
pesquisas da Bloomberg News mostram que os preços ao consumidor no Japão ainda
subirão cinco vezes mais rapidamente que os aumentos salariais no ano que
começa em abril.
Se as corporações de todo o mundo aumentarem os gastos,
isso ampliará a capacidade da economia global de se expandir no longo prazo,
talvez reduzindo a preocupação de Summers e outros de que os países
industrializados estão presos em uma armadilha de crescimento lento.
Em um sinal de que esse pessimismo pode ser um equívoco,
o CEO da Emerson Electric Co., David Farr, disse que vai ao ataque neste ano
para aumentar as vendas após frear os gastos. A Emerson, fabricante de
compressores e equipamentos de automação com sede em St. Louis, estima que seu
investimento fixo global subirá até 4 por cento após crescer 1 por cento em
2013.
Após dois anos e meio “mantendo as coisas realmente
apertadas” é hora de articular e aumentar nossos investimentos”, disse Farr, em
uma teleconferência com analistas, em novembro. “Nós acreditamos que o vento
está começando a soprar a favor”.
Fonte: Exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário