Na primeira fase, que terá duração de 18 meses e vai até o fim 2016, estão previstos R$ 2,8 bilhões, com início imediato e foco prioritário em maior eficiência e redução de custos da operação.
O plano foi apresentado ontem pela manhã em teleconferência com analistas de bancos. As ações da Rumo ALL reagiram mal e fecharam o dia com queda de 9,69%, o maior recuo do Ibovespa.
"Montamos uma estrutura de gestão, com foco em melhoria das condições da ferrovia, redução de custos e aumento da eficiência", disse Júlio Fontana, presidente da empresa ao Valor. A previsão é que o fluxo de caixa da empresa, que era negativo em cerca de R$ 300 milhões no ano passado, só venha a ficar positivo no fim de 2017.
Até o fim de 2016, a Rumo ALL pretende atuar em três grandes frentes: substituição de locomotivas, de vagões e recuperação de vias permanentes. Algumas dessas medidas já começaram a ser adotadas e resultaram em redução do tempo de trânsito. Os investimentos, ao fim da primeira fase, deverão proporcionar um aumento no resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 500 milhões. Para este ano, a companhia estima Ebitda de R$ 1,6 bilhão a R$ 2 bilhões.
No plano de cinco anos, a Rumo prevê adicionar R$ 1,1 bilhão ao Ebitda até 2019, em relação aos níveis de 2016, para a faixa de R$ 3,3 bilhões a R$ 3,5 bilhões. Com a expansão, a empresa pretende elevar sua participação de mercado de grãos, de 22 milhões de toneladas no ano passado. Para 2025, a projeção é de que esse volume alcance 39 milhões de toneladas. Em açúcar, o crescimento projetado é ainda maior, de 6,4 milhões de toneladas no ano passado para 20 milhões de toneladas em 2025.
"Vemos grande oportunidade de crescimento no mercado de açúcar, que só vai acontecer se houver ampliação de capacidade na ferrovia. Se não, fará mais sentido olhar para grãos. Por isso, estamos trabalhando para aumentar a capacidade, retirar restrições e gargalos, melhorar o processo de acesso no porto (de Santos)", disse Fontana a analistas.
Segundo ele, atualmente, cerca de 2,6 mil km, ou 22% da malha da Rumo ALL, são trechos de alta densidade, com elevado peso para os resultados da empresa. Outros 4,5 mil (ou 45% da malha), são considerados de baixa densidade. "Estamos realizando um profundo trabalho de avaliação de viabilidade econômica e de potencial de volume [nesses trechos]", contou. Já os trechos considerados antieconômicos representam um terço da malha total.
Sobre a devolução de trechos à União, o executivo afirmou que a empresa ainda está em negociações com a ANTT. "Estamos negociando com a ANTT como será feita a indenização e, provavelmente, e se transformaria essa indenização em investimento de segurança ferroviária", afirmou. Neste momento, a Rumo trabalha com três "agendas básicas" com o órgão regulador: a renovação de concessões, a devolução de trechos e a renegociação de multas e tarifa¬teto e outras questões que foram judicializadas. "Por isso criamos uma área de regulação, focada na solução desses problemas. Vamos bem nessa negociação e em breve haverá novidades. Trabalhamos com prazo máximo de até 2016 ter isso resolvido".
Segundo Fontana, caso a ANTT não renove as concessões, o que é condição primordial para que a Rumo execute o plano de investimentos de longo prazo, o plano B será prover a malha Norte, cuja concessão vai até 2078, de capacidade adicional para atender os volumes em sua região.
A empresa já equacionou uma parte dos recursos necessários à expansão. Dos R$ 2,8 bilhões em investimentos previstos no plano de 18 meses, cerca de 50% já foram contratados e o valor remanescente deve ser levantando com o BNDES, no mercado de capitais, com agências de crédito à exportação e com o Fundo de Financiamento do Centro¬Oeste (FCO).
Sobre o plano de longo prazo, o diretor financeiro e de relações com investidores, José Cezário Sobrinho, a ideia é trabalhar "prioritariamente" com recursos BNDES. "Os demais 23% virão de outras fontes do mercado, especialmente do mercado de capitais", afirmou. Segundo ele, 100% do financiamento do plano até 2019 será feito por dívida ¬ não há, portanto, previsão de aumento de capital. Com desembolsos previstos e os resultados, a nova companhia terá geração de caixa positiva a partir de 2017, no ano seguinte ao término do programa de investimento de curto prazo.
Sobre a alavancagem financeira da Rumo ALL, Sobrinho disse que o pico já deve ter sido alcançado no fim do ano passado, quando a dívida líquida da ALL correspondia a 5 vezes o Ebitda. "Acreditamos, e ainda vamos apresentar o primeiro balanço consolidado no trimestre findo em 30 de junho, que a consolidação vai trazer melhora, porque a Rumo era uma empresa menos alavancada que ALL", explicou.
A previsão média anual de volumes transportados é de 8% até 2019, partindo de 48 bilhões a 50 bilhões de toneladas por km útil (TKU) e chegando entre 64 bilhões e 66 bilhões em 2019.
A grupo de controle da nova empresa ferroviária detém 42% do capital ¬fazem parte do bloco a Cosan Logística, com 25,7%; o Texas Pacific Group (TPG e a Gávea Investimentos, 4,3% cada um, e BNDESPar, com 7,9%. Os 57,8% restantes são ações detidas por demais acionistas e "free float”.
fonte:http://www.revistaferroviaria.com.br/index.asp?InCdNewsletter=7862&InCdMateria=23246&InCdEditoria=2
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