quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Projetos de geoprocessamento podem impulsionar mudanças na gestão pública


Devido às prioridades e à criatividade de cada município ou secretaria, a tecnologia de GIS (sigla em inglês para sistema de informações geográficas) apareceu em aplicações muito distintas, apresentadas por gestores municipais de diversas regiões e áreas de atuação, no Encontro de Usuários Esri 2012, organizado pela Imagem. Projetos como o Sistema de Avaliação Imobiliária, do Rio de Janeiro, ou a solução para minimização de danos por enchentes, de Juiz de Fora (MG), atendem à demanda imediata. Mas já são construídos com a premissa de reutilização das informações em diversos contextos de gestão.
 
“É comum que os municípios comecem a usar tecnologia para buscar informações que aumentem a arrecadação. Mas, além dos recursos, esses dados passam a apoiar mudanças na gestão das cidades”, constata Humberto Figlioulo, diretor para Municípios da Imagem.
 
O especialista, que até o ano passado era gerente de geoprocessamento da Semtec de Manaus (Secretaria Municipal de Projetos Especiais e Gestão Tecnológica, hoje incorporada à Secretaria de Finanças), reconhece que as aplicações com mapas e outras visualizações exigem uma boa infraestrutura de rede, servidores e dispositivos de armazenamento. O investimento na aquisição de equipamentos de computação, armazenamento e backup pode ser prescindível, com a oferta do ArcGIS online, em que a plataforma é hospedada na nuvem. Todavia, Humberto destaca que os maiores desafios não se relacionam à tecnologia, mas à captura, consolidação e padronização das regras para lidar com as informações. “A coleta dos dados costuma ser cara; exige pessoas e conhecimento”, resume. “Em Manaus, uma das soluções foi treinar 300 garis, entre os quais 10% tinham curso superior. Uma dessas funcionárias hoje é gerente”, exemplifica.
 
A Imagem é uma distribuidora de valor agregado da Esri. A parceria inclui o suporte à plataforma ArcGIS, da Esri, junto ao provimento de conteúdo geográfico e aplicações. Humberto argumenta que a arquitetura tecnológica, junto à visão estratégica dos clientes, tem permitido a criação de bases de informação “multifinalitárias”. Ou seja, a informação sobre uma edificação teria efeitos imediatos tanto para os órgãos de regulação imobiliária e tributária, quanto para recalcular o escoamento de chuvas devido à impermeabilização.
 
Evidentemente, as informações disponíveis e contextualizadas permitem avaliações mais precisas, mas não trazem mudanças por si só. “O nosso objetivo técnico é dar justiça fiscal”, diz Sérgio Rotemberg, fiscal de Rendas da Prefeitura do Rio de Janeiro, que apresentou, um mês antes do lançamento do aplicativo, o projeto de GIS no Suporte à Avaliação Imobiliária de Massa. “A alíquota do IPTU é uma variável política”, pondera.
 
Jordan Henrique de Souza, chefe do Departamento de Prevenção da Defesa Civil de Juiz de Fora, reconhece que nem sempre os indicadores técnicos são os fatores preponderantes nas decisões. “Se seguíssemos o Código Florestal, o antigo, não teríamos os problemas que enfrentamos hoje. Pior do que autorizações para construção em áreas de risco são iniciativas legislativas para regularizar o que já foi feito errado”, lamenta. “A diferença é que as informações agora ficam transparentes. Assim de certa forma, o desenvolvimento dos aspectos acadêmicos e técnicos também contribui para desenvolver os aspectos políticos”, contrapõe.
 
“As prioridades e decisões políticas sempre dependem da vontade dos gestores e dos munícipes. O que a tecnologia permite é a tomada de decisões com base em indicadores relevantes e confiáveis”, define Humberto, da Imagem.
 
Fonte: Guia das Cidades Digitais.

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