sexta-feira, 10 de maio de 2013

Proposta argentina à Vale inclui exportação via Chile


A proposta para manter o projeto de exploração de potássio no país implica exportar o mineral via Chile, evitando investimentos em linha ferroviária e porto

Todo o potássio exportado seria para o Brasil, que importa mais de 80% da demanda doméstica


Buenos Aires - A proposta que o governo da Argentina apresentou à companhia Vale para manter o projeto de exploração de potássio no país implica exportar o mineral via Chile, evitando investimentos na construção em linha ferroviária e porto para escoar a produção.

A alternativa, segundo o jornal argentino BAE, foi desenhada durante reunião entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, no dia 25, na Casa Rosada.

O projeto Rio Colorado previa a construção de 360 quilômetros de ferrovia e recuperação de 540 quilômetros ligando a mina de Malargue, em Mendoza, ao porto de Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, passando pelas províncias de Neuquén e Río Negro.

As obras foram paralisadas no dia 22 de dezembro e o projeto foi suspenso no dia 11 de março. A primeira etapa do projeto estava prevista, inicialmente, para ser concluída em 2014.
Todo o potássio exportado seria para o Brasil, que importa mais de 80% da demanda doméstica. Essa primeira etapa previa uma produção de 2,4 milhões de toneladas, que seria elevada para 4,3 milhões a partir de 2017, quando seria concluída a segunda etapa do projeto.

A opção de escoar a produção de potássio pelo Chile permitiria o início da exportação antes do prazo previsto pela companhia e evitaria o investimento na rede ferroviária e na construção do porto.

Fontes do governo consultadas opinaram que essa opção só é viável se a produção for exportada para outros mercados como a Ásia. "Para o Brasil, não seria uma rota alternativa", opinou um executivo de uma companhia de mineração instalada no país. Segundo ele, o setor vive um cenário interno e externo "muito complicado" e, dificilmente, haveria algum movimento de desembolso nesse momento.

Após a reunião bilateral, o assessor especial da área Internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, disse que havia a possibilidade de retomada das negociações para o retorno da Vale à Argentina.

Na ocasião, Garcia informou que havia sido discutida uma solução para o impasse. No entanto, no mesmo dia da reunião entre as presidentes, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, declarou que a medida de deixar a Argentina era definitiva.

Há uma semana, em nova visita a Buenos Aires, Garcia criticou as declarações de Ferreira, já que a negociação estava em curso, e afirmou que a proposta apresentada pela Argentina é viável. Porém, ressaltou que a proposta seria analisada pela companhia no momento oportuno. A Vale afirma ter investido US$ 2,2 bilhões no projeto, orçado, inicialmente, em US$ 5,9 bilhões.

O motivo alegado pela companhia para deixar o projeto foi a alta de custo para US$ 10,9 bilhões, em função do câmbio oficial defasado e da alta inflação no país.

O governador de Mendoza, Francisco "Paco" Pérez, havia informado à imprensa que recebeu duas propostas de companhias estrangeiras interessadas em comprar a concessão da mina, que se encontra nas mãos da Vale, uma do Canadá e outra da China. Pérez não informou os nomes das empresas.

"Há diferentes alternativas que estamos considerando paralelamente. Agora, por exemplo, acaba de chegar um pedido formal do presidente de uma empresa canadense para uma audiência", disse o governador. Há cerca de um mês, ele fez uma viagem à China, onde se reuniu com "potenciais investidores".

Fonte: Exame

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